Newsletter #5: O que você precisa saber sobre Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada

01/12/2024

Oxigênio: O Combustível da Vida

Já pensou que temos reservas de ATP suficientes para apenas dois segundos de vida? Pois é! Nossas mitocôndrias trabalham sem descanso para transformar ADP em ATP através da respiração celular, onde o oxigênio desempenha um papel fundamental na etapa final desse processo. Sem o O₂, a bomba ATPase para de funcionar, e o corpo deixa de produzir ATP, a principal moeda de energia do organismo.

Resposta Fisiológica à Hipoxemia

As doenças respiratórias crônicas comumente estão associadas, primeiramente, à redução da SpO₂ durante o exercício e o sono e, posteriormente, à redução da oxigenação em repouso. Por isso, é fundamental avaliar o comportamento da oxigenação durante o esforço. Os melhores testes para isso são o teste de caminhada de 6 minutos e o teste do degrau, sendo o teste de levantar e sentar por 1 minuto uma alternativa mais simples.A hipoxemia, seja aguda ou crônica, desencadeia diversas respostas no organismo para manter a oxigenação dos tecidos. Quando a PaO₂ cai abaixo de 60 mmHg, o corpo aumenta o estímulo ventilatório, dilata os vasos nos tecidos hipóxicos e eleva o débito cardíaco (DC) para melhorar a oferta de oxigênio. Entretanto, se a hipoxemia persiste, ocorre aumento da produção de eritropoetina pelos rins, estimulando a eritrocitose para aumentar a capacidade de transporte de oxigênio. Além desses efeitos periféricos, na circulação pulmonar, a hipoxemia promove vasoconstrição, que, somada à eritrocitose e ao aumento do DC, pode causar hipertensão pulmonar (HP) e insuficiência ventricular direita (cor pulmonale). Ao longo prazo, essas deficiências vão promover piora da sobrevida, redão da capacidade funcional, redução da sobrevida, alterações psiquicas e o maior custo energético dessas adaptações pode contribuir para a desnutrição, especialmente em pacientes com DPOC.

Quando indicar a Oxigenoterapia Domiciliar prolongada? 

As indicações para suporte de oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) baseiam-se principalmente em critérios clínicos e gasométricos para pacientes com hipoxemia grave. Segundo a diretriz, as principais condições para indicação são:

1. Hipoxemia grave em repouso:

            • PaO₂ ≤ 55 mmHg ou SpO₂ ≤ 88%.

• PaO₂ entre 56-59 mmHg ou SpO₂ ≤ 89%, desde que associada a:

          • Hipertensão pulmonar.  

          • Edema devido à insuficiência cardíaca. 

          • Policitemia (hematócrito > 55%).

2. Hipoxemia induzida por exercício:

         •   SpO₂ ≤ 88% durante a atividade física.

         • Comprovada melhora na tolerância ao esforço com o uso de oxigênio.

3. Hipoxemia noturna:

           • SpO₂ ≤ 90% em pelo menos 30% do tempo de sono.

          • Evidência de hipertensão pulmonar ou eritrocitose.

4. Viagens aéreas:

            • SpO₂ < 92% em repouso.

             • SpO₂ entre 92-95% e ≤ 84% no teste de caminhada de seis minutos ou no teste de simulação de hipóxia em altitude.

5. Situações paliativas:

             • Em geral, não indicada para pacientes com dispneia sem hipoxemia. O oxigênio é menos eficaz que opiáceos para alívio sintomático.

Quanto tempo o paciente precisa usar para obter benefícios da ODP?

Para que a oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) tenha impacto positivo, recomenda-se que o paciente utilize o oxigênio por, no mínimo, 15 horas diárias, incluindo obrigatoriamente o período de sono. Esse tempo é essencial para garantir os efeitos terapêuticos e reduzir os riscos associados à hipoxemia crônica. 

Quais são os Benefícios Comprovados da ODP

A ODP apresenta diversos benefícios bem documentados em estudos científicos, sendo eles:

  • Aumento da Sobrevida:
  • Melhora na Qualidade de Vida
  • Redução dos sintomas de dispneia.
  • Aumento da tolerância a atividades do dia a dia.
  • Menor incidência de exacerbações que levam à hospitalização.
  • Prevenção da progressão da hipertensão pulmonar.
  • Melhora da função cognitiva, atribuída à redução dos efeitos da hipóxia cerebral.
  • Redução de sintomas de depressão e ansiedade.
  • Melhora da tolerância ao esforço, promovendo maior autonomia e independência.
  • Redução da pressão pulmonar decorrente da hipoxemia.
  • Melhora do débito cardíaco, garantindo melhor oxigenação tecidual.

Cilindros ou Concentradores de Oxigênio: Qual a melhor solução? 


Isso depende de vários fatores a serem considerado, como: demanda do paciente em sair de casa, fluxo para manter a SpO2 > 90%, capacidade de transporte da fonte de O2 pelo paciente, acesso a recarga, entre outros fatores. A melhor fonte é aquela que seja funcional para o paciente usar o tempo adequado e melhore sua qualidade de vida. Aqui algumas observações:

  Os cilindros estacionários (20 a 50 L) são amplamente disponíveis pelo SUS e armazenam oxigênio por vários dias sem necessidade de energia, além de liberar altos fluxos de O₂. No entanto, são pesados, difíceis de transportar e têm risco de quedas e explosões. Sua autonomia é limitada, com um cilindro de 50 L a 1 L/min durando cerca de 125 horas, exigindo recarga frequente.

Os cilindros portáteis (3 a 5 L) são leves (3,5 a 5,5 kg), ideais para uso fora do domicílio, mas têm autonomia reduzida: um cilindro de 3 L a 1 L/min dura cerca de 4,5 horas. Em alguns casos, pode ser necessário um carrinho para transporte, limitando a praticidade.

Já os concentradores de oxigêniosão divididos em estacionários e portáteis. Os estacionários, com rodas para facilitar o uso domiciliar, oferecem fluxos de até 10 L/min, mas têm custo elevado (5 a 15 mil reais) e alto consumo de energia. Por outro lado, os portáteis são leves (3 a 5 kg), podem ser usados em viagens aéreas e possuem fluxo de pulso para maior autonomia. Contudo, suas baterias duram entre 3 a 12 horas, e o fluxo contínuo é limitado a 2 L/min, com preços variando de 10 a 20 mil reais.Explore mais estes conteúdos na CentralFlix

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Chico

Referências:
1-A principal referência para esta newsletter foram as recomendações para ODP, publicada em 2022, pela Sociedade Brasileira de Pneumologia. Você encontra o texto na íntegra aqui: https://dx.doi.org/10.36416/1806-3756/e20220179